sexta-feira, 12 de abril de 2019

Olhos de espelho

Nunca serei como eles
Além do que
Deles
Só sobraram os restos
Naquele instante parecia
Que a chuva caía devagar
Mas se tratava apenas
De nossa visão conturbada
Do mundo
Cujo cansaço
Desacelerava o tempo
O mal cheiro dos dias
Tem nos embriagado
Por isso 
Não reparamos
Que a vida e a morte
São a mesma pessoa
Não há melancolia nessas palavras
Porque as coisas passam
Com a mesma firmeza
Que emergem
Como também não há saudade nas cousas
Isso é coisa dos homens
Passa
Quando eles passam
A solidão sempre está acompanhada
Daqueles sentimentos
Tão grandes e cheios de encanto
Que nunca cabem
Em uma mesma pessoa
Fora do seu controle
Deixe-a germinar e reflorescer
Colado ao seu peito
Faça tudo como deve ser
É claro que Deus não está cego
Desde a criação da luz
Através da palavra
Ele nos mira com olhos de espelho.