Ensaio
O
anti-amor
ou
as orgias
bissexuais
de
Gatti
Puggiero
ANTI-RIMAS
Todas as coisas
Sobre você
As mais imundas
Aquilo que mais fede
Estou repetindo
Velhas anti-rimas
Porque talvez
Você seja o
anti-amor
Da mesma forma
Que eu tenho sido
Anti-poesias.
MENINO
Menino de olhos
assustados
Eu também me
assustei quando ouvi sua história
Imagino o que tenha
visto
Comecei a ter os
seus mesmos pesadelos.
Menino de olhos
confusos
O seu amor é igual
aos pastos de braquiária
Queimando em
labaredas
Escurecendo todo o
céu.
Menino de olhos
distorcidos
Você queimou seu
próprio corpo com brasas de cigarro
Vermes de mosca
estão
Comendo suas
pupilas.
MENINA
Gozei dentro da sua
buceta
Depois urinei em seu
corpo branco
Não pude segurar a
urina
Você estava muito
bêbada
Eu também estava
Minha porra escorria
Da sua buceta
Me deu vontade de
chupá-la
Para sentir o gosto
Da minha própria
porra
Misturada em você.
Fodendo em pé
Encostados na parede
Você reclamou de um
pouco de dor
Gozei primeiro do
que você
Tive que terminar
com os dedos.
O ANTI-AMOR
O anti-amor
Como uma navalha
A cortar seus
pulsos.
O anti-amor
Do seu sangue cru
Na cerâmica branca.
O anti-amor
Da água quente do
chuveiro
A queimar sua nuca.
CULPABILIDADE
Você sai do
abstrato
Para atingir o
concreto
Depois faz o caminho
de volta
Sempre faz
De quem são as
poesias
Que estão lhe
torturando
Por dentro
Quem são as
estrelas mortas do cinema
Que lhe influenciam
Você sabe que não
pode
Culpar os mortos
Pelas suas próprias
bobagens.
Você não
conseguirá culpar os cegos
Nem os amanheceres e
os analfabetos
Pelas suas próprias
bobagens.
Nem o mar, nem a
cidade confusa
Não poderá culpa
ninguém
Pelas suas próprias
bobagens.
O ANTI-AMOR (II)
O anti-amor como um
útero estéril
Corrói a vida como
traças
Aranhas brotam de
sua pele
Como furúnculos
Carregados de pus
Sua vida é a
incongruência
Porque você não é
um ícaro
Mas eu terei que
repetir mil vezes
O seu medo
Não cabe mais
Em líricas
monossilábicas.
O MAIS SUJO
No teu corpo
Sem tatuagens
Eu sentia o cheiro
Da tua pele
Que depois
Só senti novamente
Quando cheirava
Os meus próprios
pulsos.
No teu corpo
Encostando os pés
Em teus pés
Beijando teus
lábios.
No teu corpo
Sem tatuagens
O mais sujo.
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