domingo, 21 de maio de 2017

Que gemiam paradoxos

Depois de foder contigo
Você acendeu dois cigarros de uma vez
Me entregou um
Enquanto eu lhe escutava 
Uma poesia cheia de duplos sentidos
Que você havia escrito
Pensando em outro
Em outras oportunidades
Mas confesso
Que me identifiquei
Porque falava de crueldades
De incestos
Do lado horrível do mundo
Que alguns fumam
Em latas de refrigerante 
Como se fosse crack
Me identifiquei
Porque elas falavam de homens
Que não eram eu
Mas que se pareciam comigo
Na despedida daqueles paulistas
Transamos no quarto dos fundos
Que parecia ser de um deles
Enquanto todos bebiam urina
Pelos cômodos que fediam sangue fresco
De bucetas que tinham a clareza
Dos seus próprios desejos
Mas a porta 
Daquele banheiro
Se abriu de repente
Mas da escuridão
Você viu meus olhos de luz
Que gemiam paradoxos.

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