terça-feira, 25 de julho de 2017

Depois

Depois de raspar a vulva
Não havia mais obscenidade
Em ti
Do que nas nuvens negras
Que vomitavam
Acidez
Sobre a cidade industrial.

Depois de pintar as unhas
Deixe que o joio e o trigo
Cresçam juntos
Até que chegue
O momento certo da colheita
Para que o trigo não se perca antes.

Depois de derramar o sangue
Eu não podia imaginar
Que as tuas feridas
Estivessem em mim
Até onde eu sei
Só as mulheres te seguiram até o calvário
Muitas delas eram putas
Mal faladas
Uma delas inclusive era a sua própria mãe.

Depois de furar os olhos
Você cantava
Muito lindo
Dentro da gaiola.

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