sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Falar

Falar a língua vulgar
Do povo
Como ejaculações
A vida em devenir
Porque a existência
Só se efetiva
Como uma probabilidade
Um
Entre milhões
Mas o verbo ser
Não cabe
No espaço
Ser não é estar
Ser
Não é haver
Palavras novas e velhas
Sentidos particularidades
Gírias modernas
Gozar fora
Pra não ter problemas.

Falar a língua inculta
Da vida
Com suas coxas
Os olhos falam
A pele fala
A respiração fala
As paredes falam
São discordâncias verbais
Tratam-se de histórias
Que mesclam a mentira e a verdade
Tudo na vida
É uma mistura
De mentira e verdade.

Falar a língua sexual
Das bocas que se ferem
Das tardes
Quentes
Já que a propriedade privada
É bem mais que
Pronomes possessivos
O amor não é um verbo
Não se conjuga
Não tem tempo
Não tem pessoa
Não tem Pessoa.

Falar a língua maternal
Que Deus escreve certo
Em linhas
Tortas.

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