Porque de mim
Já não resta dúvida
A verdade sob o sol
Já não resta dúvida
A verdade sob o sol
Nossa pele avermelhada
Desmentia-nos
De garganta seca
Te desejei
Enquanto bebias água
Te comia
Com os olhos
Eu te via
Gozar.
E você gozava
Com fúria e paixão
Ao furar meus olhos
Te vi desbotando o azul do céu
Te ouvi distorcendo palavras
Pintando o sete
Construindo ídolos pagãos e religiões
Que você não tinha a disciplina necessária
Para cultuar e seguir
Eles se voltaram contra você
Vomitando rios de ácido
Chuvas ácidas
Aqui você está segura
Por enquanto.
A tarde fria de Juiz de Fora
Denunciava a nossa estupidez
O perigo estava em quadris
Que nos pressionava por sexo
Sentir tesão era algo vergonhoso
Crianças abortadas choravam
Em latas de lixo
Eram almas muito sofridas
Sair pelo mundo é o mesmo que
Se fechar em si mesmo
A parte mínima reproduz o todo
As tardes mais lindas
Que já vi.
Poxa, Alemão, passei por aqui por acaso, após tantos anos... mal sei como parei aqui. Sabe, me emocionei. Fiquei feliz de saber que ainda escreve. Que inspiração, que poesia visceral. Você é um resistente, cara, e antes de tudo alguém que sente. Parabéns por sua obra.
ResponderExcluirAbraços