terça-feira, 4 de abril de 2017

Nudez

A surdez da noite
Já se misturou com a nudez
Da cidade de joelhos
Fazendo sexo no pelo
Porque finge, mas talvez saiba
Que ninguém está ouvindo
Seus lamentos sexuais
Porque seu gozo
É dor
Seus anseios cheios de preconceito
Essa angústia
Tal sina dos pecadores
Dos assassinos
Dos drogados
Dos ninfomaníacos
Dos bissexuais
Dos poetas
Dos pais que comem
As próprias filhas
Do céu azul, sem nuvens.
A cidade estava muito ocupada
Pois confundiu nós dois
Com as flores que nascem
Da sujeita das ruas
Até as flores são estupradas
Neste lugar.
A cidade ejaculou poesias
Que fediam esgoto a céu aberto
Mesmo assim se manteve aflita
Após chegar a menstruação atrasada.
A cidade sentia prazer
Em usar cocaína
E depois forçar o vômito.

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