quarta-feira, 26 de abril de 2017

Palavras duras

Destes olhos famintos
Destas mãos sedentas
O que essa pele suada
Quer tanto me dizer
Exalando dos poros
Uma linguagem não-verbal
Pois chovia lá fora
E aqui dentro também
Uma chuva amarela
Que a gente não conseguia
Beber.

Depois do cruising
Me perguntei o porquê
Pois te vi
Passando um batom bem vermelho
Seus lábios doces
Falavam palavras duras
Que me acompanharam
Por todo o caminho
Me inspiram
Também me destroem
Porque são palavras sujas
As que saem dessa boca pura
Qualquer um que estivesse
Sempre pensaria nelas.

Você me contou tristemente
Que foi estuprada quando menina
Mas que não tinha
Nenhum ódio pelos homens
Porém não confiava em nenhum
Eu beijei seus lábios
Que já estavam um pouco frios
Enquanto sentia um arrepio incontrolável
Eu não tinha palavras
No final
Era você que me consolava.

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