segunda-feira, 24 de abril de 2017

BR-116

A BR-116 e suas prostitutas boçais
Nas madrugadas infernais do Brasil
Pais de família sob o efeito do
arrebite
Cortam as curvas e as retas
Veias e artérias
Depois em banheiros destruídos
Lavam a rola.

A BR-116 e seus espíritos sem luz
No sol ardendo o asfalto escaldante
Os vícios em postos de gasolina
As depressões nos pátios do sertão
Naqueles momentos de eternidade
Onde se mescla a vida e a morte
O chegar e partir
O ser, o estar e o haver.

A BR-116 e a fome desgraçada que esse povo sente
Suas crianças pelo acostamento
Negociam espigas de milho sapecadas
Em pedágios delirantes
Em cidades fantasmas
Onde se pronuncia um português
Cheio de sotaque
Como gente sem os dentes.

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