sábado, 22 de julho de 2017

De ipês

Quando as prostitutas dormem
É a hora que a cidade
Está mais barulhenta
Porque a alma nunca está quieta
Até mesmo
Quando o corpo adormece
As tardes mais lindas
São aquelas do sol de inverno
Onde nas montanhas secas e desmatadas
Se chove nos olhos
Você não tem ideia
De como te tocar é doloroso
As flores amarelas
De ipês.

É claro que são as manhãs
As responsáveis
Temos acordado
Com a rola na mão
Com a cabeça em uma só coisa
As flores amarelas
De ipês.

Você me disse muito tranquilamente
"Eu nunca te amarei como ela"
Eu ri
Sendo muito sincero
Te respondi
Com a maior calma do mundo
Nela não estava
As flores amarelas
De ipês.

Eu percebi
A distância que os seus olhos
Observavam atentamente
E se perdiam
Mas no fundo
Você apenas procurava por elas
As flores amarelas
De ipês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário