domingo, 3 de setembro de 2017

Nada mais que a incoerência

Eu sou a incoerência
Especialmente
Quando fodo com alicates
Em momentos como se
O próprio mundo
Também não fosse incoerente
Ontem eu sonhei
E isso foi angustiante
Quase desacordado
Sob o efeito de remédios sem bula
Me lembrei
Daquela orgia
Com aquela família
Naquela casa
Onde sempre transei
Me lembrei
Daquela menina
De olhos verdes sem fome
Que como o vento
Desapareceu
No início, eu imaginei que ela estava contaminada
Depois eu sonhava
Que ela tinha outro
Isso tudo para justificar
O que não posso controlar
Não se controla verbos
Muito menos o verbo ter
Mas a fé brotava
Como roseiras atômicas
Mas a paz ainda não se deixava
Encontrar
Não há paz
Quase se veste uma
Camisa de Vênus
Sob o efeito do álcool e drogas.



Eu sou a incoerência
Justamente
Quando meus olhos estão vermelhos
De tanto chorar e de tanto entardecer
Poucas coisas me fazem chorar
Mas tenho chorado
Ao ler poesias de amor
Que não foram escritas
Para mim
Mas no fundo
Falam de mim
A incompreensão me faz chorar
As tardes quentes
Do Brasil.


Eu sou a incoerência
Somente
Nestes instantes onde os vagões
Lotados de trabalhadores
Forçados
Param na contramão.


Eu sou a incoerência
Logicamente
Em todas as minhas tentativas
De viver.

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