domingo, 22 de outubro de 2017

Ando sem poesia

Ando sem inspiração
Como um homem sem pau
Ou sem uma perna
A cidade
Em preto e branco
Em dias cinzentos
Em fotografias e nas peças de teatro
Que comentávamos
Você me disse
Deixe que os vivos
Enterrem seus mortos
Eu te perguntei
Quem consolará as mães
Dos crucificados?

Ando sem inspiração
Entre intervalos
Fumando cassetetes
Distorcendo advérbios de tempo
Mentindo
Gozando
Rindo.

Ando sem inspiração
De braguilha
Aberta
Com as tardes
Com os suores
Com os desejos.

Ando sem inspiração
Dentro de um útero
Chorando
Ao nascer.

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