domingo, 24 de dezembro de 2017

Natal

É Natal na América Latina e em suas favelas
É Natal na sarjeta
Também no calvário
Antes e depois de se matarem
Com palavras enferrujadas
Escutem as risadas do agora:
É um amigo-secreto de produtos chineses
Estão trocando sobretrabalho chinês
Estão trocando sentimentos vazios e retornáveis
Estão trocando desejos de um mundo pela ordem
E a ordem latia
Como um cachorro na corrente
Nas economias agroexportadoras
Regidas pela superexploração
É Natal nas salas
De tortura
Após o silêncio ensurdecedor
Dos interrogatórios
Dos campos de soja
A senzala estava
Escancarada
O silêncio
É uma faca de serra
Com os dentes
Desgastados.





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